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sábado, 31 de março de 2012

Chatice


Eu preciso estar em movimento constante. 
A rotina faz entrar no processo de cegueira diária. Perco a paixão pela descoberta, fico preguiçosa, postergo até o último segundo. 
O movimento pode ser qualquer estímulo externo. Uma música nova, uma pessoa legal que conheci, um filme, um livro, uma série, um trabalho novo, uma nova paixão. 
Detesto me acostumar. Não gosto de frequentar os mesmos lugares todos os dias. Não gosto de ser reconhecida pelo moço da padaria. Aliás, não gosto de ser reconhecida.
Detesto entrar no ritmo de trabalho que não me permite parar para pensar em nada, ver um episódio idiota do Chaves, estudar minhas nerdices, filosofar na mesa do boteco (bebendo ou não).
Na época de faculdade, viajava semanalmente entre Sumaré/SP, onde meus pais moram, e Rio Claro/SP, cidade do campus universitário, e amava perder o ônibus para ficar observando as pessoas na rodoviária. Sim, a espera durava entre 1 e 2 horas, não tinha iphone, ipod, celular com internet 3G, nada. Tinha um livro, os livros da faculdade (que carregava para fazer musculação, já que nunca estudada em Sumaré), alguma revista (fato raro) e as pessoas passando.
Acho que perdi esse hábito. Ouvir histórias das velhinhas que sentavam do meu lado, as vezes dramáticas, que me faziam chorar junto, outras bizonhas, que me faziam controlar o riso.
Hoje, corro para não perder a hora. Minha agenda é um inferno e não consigo conversar com ninguém. Amo quando alguém precisa desabafar e me chama. Paro qualquer coisa que estou fazendo para dar atenção. Poxa! Que chance única de participar da vida de alguém, conhecer um pouco mais as aflições do ser humano apenas em troca da confiança. Amo mesmo! 
Por outro lado, quando tenho que esperar, posto a minha insatisfação em alguma rede social e uso fone de ouvido para ninguém me incomodar. Que coisa mais babaca a se fazer, né? Música é bom, principalmente nas caminhadas, mas o isolamento que cada vez me imponho é estranho. O que me custa ouvir a velhinha contar que foi enganada em uma agência bancária? 
Será que estou me tornando mais chata?
Não sei, mas preciso reaprender a participar do mundo. 
:-(

Costume

É impressionante o poder de adaptação do ser humano, quando ele está disposto.
Você já reparou como nos acostumamos rápido com as coisas que gostamos?
Se mudamos de cidade, por vontade própria, tudo é surpresa. A descoberta de cada cantinho do bairro se torna uma aventura. Um olhar novo e disposto a desvendar o desconhecido nos faz ver o que as pessoas que passam ali diariamente jamais viram. Andar a pé, se perder (Tá. Sou desorientada e pode parecer desculpa, mas nesse caso eu gosto mesmo de me perder.) para encontrar locais legais ou caminhos novos vira diversão.
Por outro lado, tudo fica difícil, chato e cansativo quando existe alguma vontade contrária. Lembra dos trabalhos daquela disciplina que você detestava na escola? Tudo era motivo para deixar para a última hora. Nada se aprendia, já que tudo era feito às pressas e hoje percebe-se o quanto poderia ter aproveitado.
Meu desafio diário é não permitir que a cegueira do costume se estabeleça em mim.
Quero aprender a cada dia coisas novas das mais elementares às mais complexas sem perder a emoção da (re)descoberta.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Saudades

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
(Cartola)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Procrastinar

Eu não procrastino.
Tenho muito autocontrole sobre a minha obsessão de fazer as coisas imediatamente.

domingo, 25 de março de 2012

Crianças

Desde sempre amei crianças.
Claro, quando era uma era natural que ficasse no meio delas. Eu era uma criança meio estranha: usava botas ortopédicas, era hipersensível, chorona, briguenta com quem se esforçava para me irritar, mais alta que as outras crianças da minha idade. Por outro lado, nunca tive dificuldade de fazer amizades.
À medida que crescia, continuava por preferir brincar com as crianças que ficar entre os adolescentes bobos com papos idiotas ou falando mal dos outros.
Já nessa época, as crianças sempre riam para mim mesmo sem eu querer chamar a atenção. Resultado, acabava fazendo amizade com as crianças em qualquer local o público.
Esse fenômeno continua. Mesmo nos dias que estou de mau humor, não quero falar com ninguém, TPM gritando, noite mal dormida, fome, calor, de repente vejo uma criança no colo da mãe dando uma risadinha para mim e me derreto. Pronto, meu dia mudou.
Sempre achei isso tudo tosco. Como um adulto pode preferir ficar entre as crianças que entre outros adultos?
Hoje, meu primo me chamou de "Kelly - a estranha" (referência à Kerry) porque sempre viro a tia da recreação nas festas. Fiquei pasma com o apelido e decidi que me esforçaria para ficar no meio dos adultos, no meu devido lugar.
Consegui até as crianças começarem a chegar. Tentei me controlar, mas ao ver que algumas estavam envergonhadas, não consegui me conter. Peguei na mão delas e levei até a mesa de salgadinhos para que elas se servissem de algo. E foi assim que voltei a ser a tia Kelly.

Se isso não bastasse, passei a ouvir comentários:
- Nossa, essa menininha é filha da Kelly?
- O outro responde: Não, é filha de fulano.
- Mas parece filha dela, né?
- É! Ela brinca com carinho.

Depois, um bebê começa a gritar chamando a minha atenção, pois queria o meu colo. O pai solteiro fica feliz, já que poderia se dedicar ao jogo. Eu saio com a criança do cômodo e a levo para o quarto onde as outras crianças brincam. Um tempo depois, chega o pai, todo fofo para o meu lado, com brincadeirinhas e tal. Sim, todos perceberam o interesse.

Poxa! Eu não brinco com crianças para bancar a babá. Eu curto mesmo, o quê eu posso fazer?
Então, descubro que a "boa mãe" é mais uma característica que os homens procuram nas mulheres.
Ainda não sei se essa descoberta é boa ou ruim. Espero que não reprima minha diversão, pois foi o que aconteceu hoje. :-(

sábado, 24 de março de 2012

Pensamentos

"Conclusão: as pessoas pensam demais. 
Pensam no que pensam, pensam no que os outros pensam, pensam no que os outros pensam que elas estão pensando."


Essa mensagem foi gerada após ler um post no facebook que me deixou muito intrigada (amo essa palavra, parece dos livros que lia no ensino fundamental) com o pensamento humano. No post, uma amiga de 25 anos reclamava de não conseguir ficar sem pensar em ninguém e, pior, os relacionamentos só ficarem no pensamento até serem substituídos por outros pensamentos.
O que me deixou intrigada é que fiquei um bom tempo sem pensar em ninguém (mas ninguém, ninguenzinho? - perguntou a amiga. Ninguém. - minha resposta). Claro que estimulada pelas perguntas dos parentes, amigas e desconhecidos malas, eu sempre tentava pensar naquele amigo gente boa, mas não posso considerar paixãozinha.
E por que as pessoas fazem isso? Deve ser para não perceberem que estão sozinhas ou como uma proteção por medo de se abrirem realmente para um relacionamento. Não sei.
Só consegui ficar sem pensar em alguém após admitir que estava sozinha e que queria ficar assim por um tempo.
Sempre me perdi nos relacionamentos. Esqueci quem eu realmente era, o que realmente queria, o que tinha decidido por livre e expontânea vontade ou por que achava que aquilo era bom já que o ser amado gostava.
Sim, chamo esse intervalo de desintoxicação. Precisei me redescobrir e foi difícil. Precisei saber novamente quais eram minhas convicções, minha religião, meus gostos musicais, minha postura diante de outras pessoas, quais esportes gosto de acompanhar, o que gosto de ler, o que gosto de assistir e o que não gosto em relação a tudo isso.
Hoje me pego pensando em alguém de novo depois de tanto tempo. Dá medo, não sei mais como agir (uma vez que descobri que não sou atirada e não quero ser), não sei como perceber os sinais. Tudo muito complicado, mas divertido.
Nesse meio, outra amiga tenta me ajudar, mas percebo nela a ansiedade que não tenho, a encanação e ciúmes que nunca tive e a precipitação que me fez errar tantas vezes.
Estranho ter essa consciência. Não tenho ciúmes de quem não posso perder e não tenho ciúmes de quem posso perder, pois se estou junto confio 100%.
Não quero mais relacionamentos psicológicos, imaginários ou de pretérito imperfeito.
Quero um relacionamento real.
Acho que esse é o ponto para pensar: que tipo de relacionamento você quer? O imaginário ou o real? 
Se for o segundo, pare de pensar e aja e se as atitudes não gerarem resultados positivos, mude.